O Hospital São José, localizado na cidade de Jaraguá do Sul (SC), é referência no atendimento em Urgência e Emergência adulto, alta complexidade em Neurocirurgia, Traumatologia e Ortopedia e Oncologia para as demais cidades de Região Norte e Nordeste de Santa Catarina. Confira abaixo a entrevista na íntegra com o Presidente do Conselho Deliberativo da instituição, Paulo Luiz da Silva Mattos, sobre o modelo de gestão adotado pelo hospital.
Como o hospital estuda e pratica seu Planejamento Estratégico? Quais são os pilares que norteiam este planejamento?
O Planejamento Estratégico estabelece diretrizes baseadas fundamentalmente no trabalho em equipe, considerando que a plena gestão necessita de pessoas comprometidas e identificadas com a visão de mercado, consequentemente assegurando a auto-sustentabilidade da instituição.
Sem metas estabelecidas e sem o uso de ferramentas adequadas é muito difícil alcançar resultados em um segmento quem tem viés social e que leve em conta as características de clientela que um hospital apresenta. Os recursos são limitados e as demandas são crescentes, há necessidade de acompanhar as novas tecnologias e o custo agregado aumenta de maneira muito significativa. Sem uma equipe que utilize de maneira adequada as ferramentas de controle e de gestão não temos como utilizar de maneira correta os recursos financeiros que na área da saúde sempre são muito limitados, especialmente numa entidade filantrópica, onde há uma demanda muito grande de usuários principalmente pelo sistema SUS que hoje corresponde a 80% dos atendimentos e representam cerca de 50% da receita do hospital.
Acerca da segurança, comente alguns métodos que o hospital pratica para garantir este fator a seus pacientes e funcionários.
Este é um assunto que merece atenção permanente. Contamos com um grupo de trabalho atuante na análise e no gerenciamento de riscos, realizamos investimentos significativos em processos e em recursos que se utilizam da tecnologia de informática como softwares de gestão aplicados de maneira integrada em todo o hospital. Isto nos permite um acompanhamento em tempo real dos gargalos nos atendimentos a pacientes e na segurança da equipe de médicos e funcionários de acordo com os parâmetros oficiais.
Como o hospital trabalha acerca da gestão de riscos?
Há o trabalho de uma comissão interna que faz todo o acompanhamento, realizando o trabalho preventivo e seguindo o que determinam as diretrizes da área da saúde. Isto é feito em sinergia com um grupo dedicado à análise de riscos, para minimizar as situações que são inerentes à atividade, seja para o funcionário que está trabalhando no ambiente e principalmente para que o paciente possa contar com a melhor tecnologia e o melhor atendimento no menor tempo possível em que esteja no hospital. Hoje o hospital está ajustado às diretrizes nacionais e possui indicadores dentro dos parâmetros do Ministério da Saúde e ONA.
Quais as diretrizes que adota para obter a sustentabilidade na gestão?
Como hospital de referência, é preciso manter e ampliar constantemente os serviços de complexidade que são oferecidos à população. Os investimentos permitem que a instituição acompanhe a evolução dos recursos de tecnologia colocados à disposição dos médicos e dos seus clientes, seja no nível de diagnóstico, de tratamento e de conforto. Esta condição nos permite atrair bons profissionais e oferecer bons procedimentos, de maior valor agregado, e com isso gerar sustentabilidade à gestão.
Hoje o hospital atende nos três níveis de complexidade desde o pronto socorro, sendo referência na região em três áreas da alta complexidade que são a traumatologia e a ortopedia, a neurocirurgia e oncologia . O hospital procura se inserir dentro das políticas de atenção do Ministério da Saúde, extrapolando sua condição de referência para atender pacientes de várias regiões do estado, graças à qualidade dos serviços, o que impõe um esforço para se manter competitivo e alcançar a sustentabilidade, considerando que temos no SUS o maior volume de atendimentos.
Como a instituição direciona os investimentos para a tecnologia? Como analisa a importância de investir nesse setor?
Como entidade de cunho filantrópico, reconhecido por todas as esferas, o hospital precisa buscar recursos de onde for possível. Seja do poder público e da iniciativa privada estas fontes são importantes para que o hospital possa incrementar e atualizar o parque tecnológico. Há uma evolução muito constante e dinâmica nesta área e os investimentos sempre são significativos. Esta modernização de equipamentos e a atualização na forma de tratar o paciente trazem maior efetividade e segurança no atendimento, com respostas mais rápidas e precisas no diagnóstico e nos tratamentos. Graças a esta condição, oferecemos uma tecnologia compatível aos padrões mais avançados da medicina hospitalar em todo o mundo. Desde a reestruturação iniciada em 2004 até 2013 já foram aplicados cerca de R$ 50 milhões em ampliações, na modernização e na humanização do hospital. É um trabalho do Conselho Deliberativo, que foi buscar recursos na esfera pública e na esfera privada, onde há um forte envolvimento da comunidade, responsável por mais de 70 % deste montante.
Como analisa a importância do constante aperfeiçoamento profissional? Como que o hospital trabalha neste sentido?
Dentro da nossa política de aprimoramento da qualidade dos serviços, contamos com um sistema de acompanhamento do volume de horas dedicas ao treinamento aos profissionais do hospital. O mapa estratégico, na premissa de que uma instituição deve reter seus talentos, também conta com programas de incentivo à melhor qualificação, que permite aos colaboradores fazer os cursos pertinentes às suas áreas de atuação. Hoje no hospital são cerca de 600 colaboradores entre médicos e profissionais de outras áreas.
Quais os maiores desafios para administrar uma instituição deste porte?
Como em qualquer organização, mas muito mais numa instituição com fins sociais, os maiores desafios sempre estão relacionados com a formação da equipe, no sentido de
atrair profissionais comprometidos e capazes de estarem estimulados ao desenvolver de suas aptidões. Recursos tecnológicos são acessíveis, mas o elemento humano é que torna a gestão bem sucedida na medida em que ele reflete para o usuário as preocupações de qualquer instituição na sua atividade-fim. É preciso que a equipe tenha os mesmos ideais e entenda as diretrizes que o hospital tem estabelecido como meta. O mercado é dinâmico e o colaborador necessita não só da melhor condição financeira como de um ambiente de trabalho estimulador, que lhe permita crescer profissionalmente.