“A atuação das instituições filantrópicas é essencial para o desenvolvimento da Saúde no Brasil. Atualmente, essas instituições já atendem a mais de 50% de toda a demanda do SUS. O restante é atendido, em sua maioria, pelos hospitais públicos e por alguns hospitais privados que atendem a um pequeno percentual.” Assim ressalta José Pereira, Superintendente Administrativo da Santa Casa de Maringá, sobre a importância dos hospitais filantrópicos e as santas casas na Saúde.
Segundo o superintendente administrativo, os valores praticados pelo SUS estão bastante defasados e não cobrem sequer os custos dos serviços prestados. Por outro lado, as instituições filantrópicas gozam de isenção tributária, o que ameniza esse déficit, mas não o suficiente para o equilíbrio das contas.
Uma possível solução para suprir essas dificuldades financeiras está na gestão profissionalizada. A Santa Casa de Maringá, que possui a certificação de Acreditação Hospitalar, é um exemplo de instituição que capacitou as suas políticas internas e constituiu um corpo diretivo instruído para a administração hospitalar. “A gestão de uma instituição filantrópica deve ser tratada como um negócio. Santa Casa também é uma empresa. Para que possamos atender bem a população do SUS, que é o nosso foco, precisamos ter resultados que têm que ser buscados dia a dia”.
A Santa Casa de Maringá possui o certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área da Saúde – CEBAS, e destina 60% dos seus atendimentos ao SUS. Os outros 40% são destinados ao mercado de saúde suplementar. “Ocupamos muito bem o hospital também nesses outros 40%, porque é dessa porcentagem que tiramos o equilíbrio financeiro. Hoje, nós temos solidez e resultados positivos”, explica.
Mesmo a instituição oferecendo atendimento para públicos diferentes, José Pereira ressalta que não existe diferença na qualidade dos serviços prestados. “O corpo clínico e os colaboradores são os mesmos para todos. Orgulhamo-nos em dizer que não existe diferenciação no atendimento. Ter uma importante parcela dos nossos atendimentos voltados à saúde suplementar é o que nos permite prestar atendimento ao SUS com qualidade”.
Outra estratégia de solução para a gestão filantrópica está na realização de boas parcerias com o governo, tanto a nível municipal, estadual ou federal. “No Estado do Paraná, por exemplo, temos um programa de governo chamado HospSus, um modelo de parceria que ameniza o prejuízo dos atendimentos ao SUS”, complementa o superintendente.
O SUS, segundo José Pereira, é um modelo bem desenhado, mas que necessita rever a forma de distribuição e controle dos recursos. O orçamento da saúde é limitado e por isso precisa ser otimizado. “Os resultados do setor filantrópico são muito melhores do que os do setor público. Ou seja, o custo para se tratar uma pneumonia em uma santa casa é bem menor que o custo em um hospital público. Por isso, é fundamental que o Governo reavalie e otimize a aplicação dos recursos disponíveis como forma de alcançar resultados mais eficazes.”
Expansão
A humanização é um princípio base na filosofia da Santa Casa de Maringá. Com uma estrutura coorporativa de 1.345 funcionários, a instituição está investindo em um projeto de expansão – o qual ampliará os ambientes de descanso, refeitório, entretenimento e estudos – que visa melhorar as condições de trabalho dos seus colaboradores e corpo clínico.
Paralelo a isto, o superintendente conta que o hospital também tem em seu planejamento estratégico, que se estende até 2020, a meta de aumentar sua capacidade instalada dos atuais 243 para 450 leitos. Este projeto contempla, além da ampliação de leitos, novas salas cirúrgicas, ampliação dos serviços de pronto atendimento e imagens, ampliação do serviço de diálise e vagas de estacionamento, além de todas as estruturas de apoio. “A Santa Casa vai crescer, vai aumentar sua capacidade de atendimento, e sempre destinará 60% dos seus serviços ao SUS”, assegura.
“Estamos investindo muito em nossa gestão de pessoas. Primamos por oferecer ambiente favorável, condições físicas cada vez melhores e mais adequadas. Para podermos dobrar a capacidade do hospital, precisamos, praticamente, dobrar o número de funcionários, e isso precisa ser feito com excelência”, finaliza.