O impacto ambiental sempre nos parece uma pauta de um futuro bem distante, talvez daqui uns cem anos. O que muitas vezes não nos damos conta é que toda atividade causa impacto ambiental.
O impacto ambiental pode ser negativo ou positivo, mas, na maioria das vezes, infelizmente é negativo. Nossa sociedade está imersa em hábitos culturais tanto pessoais como gerenciais inadequados aos principais conceitos ecológicos, como a visão sistêmica, resiliência dos biomas onde estão inseridas as organizações.
A falta de conhecimento das ciências naturais, que podemos citar a geologia, ecologia, biologia, química, física, entre outras, provoca inúmeras consequências negativas à geração e conservação de vida, inclusive a vida humana e, o que é mais grave, muitas vezes de maneira irreversível. Os gestores, autoridades e formadores de opinião precisam se conscientizar de seu papel de atores ativos no desenvolvimento social sustentável.
Enfrentamos hoje várias crises ambientais, como aquecimento global, que talvez seja a mais séria de todas; a perda da biodiversidade, que se encontra em patamares nunca antes acontecido em nosso mundo; a desertificação, que põe em risco a alimentação de um planeta com 7 bilhões de pessoas. Estas crises, se não contidas, podem e vão provocar colapsos no abastecimento hídrico e alimentar ao nosso redor.
Muitos gestores não se preocupam com os impactos ambientais provocados pelos hospitais, muitas vezes porque este motivo não acarreta em nenhuma variável no seu processo decisório.
Os hospitais emitem GEE – gases de efeito estufa – que contribuem para o aumento do aquecimento global. Toda a estrutura de ar condicionado do hospital, por exemplo, emite diferentes GEEs para a reposição feita ao aparelho. O gás GLP, utilizado no serviço de nutrição e dietética, é um gás de efeito estufa. Todo o tipo de combustível utilizado para o gerador, para algum veículo próprio, também compõe as emissões.
O óxido nitroso, utilizado por alguns hospitais, também está dentro deste conceito. Até a reposição do extintor de incêndio de CO2 deve ser computado em um levantamento de emissões. Outro grande componente é a energia elétrica que, a cada ano, tem um fator de emissão diferente calculado pelo Ministério das Minas e Energia. Quando chove mais este fator é menor, quando o nível de chuvas é pequeno o fator sobe porque precisamos complementar a energia gasta com as térmicas a carvão . Porque o gestor de saúde deve se preocupar com o aquecimento global? A resposta é simples: porque este fenômeno terá consequências direta na área de saúde. Como consequência teremos um desequilíbrio em vetores, como os mosquitos, que trarão de volta doenças já erradicadas. O regime de chuva alterado irá provocar inundações e secas, ou seja, o número de catástrofes irá aumentar. O aumento da temperatura irá afetar a vida humana em seus dois extremos: crianças e idosos.
Estas alterações irão modificar o planejamento estratégico e tático dos hospitais. O gestor precisa promover o conhecimento para gerar a conscientização que irá modificar o comportamento. No futuro, as externalidades, que são os impactos ambientais, irão se agregar ao custo da operação que, hoje, já é muito alta. Como evitar e ainda ter como reduzir custos? Primeiro, conhecendo suas emissões através de um inventário. Depois, fazendo o gerenciamento do carbono equivalente emitido. O hospital irá se beneficiar nas três esferas da sustentabilidade: ambiental, social e financeira.
Artigo escrito por Márcia Mariani, Diretora da SIA- Serviços de Inteligência Ambiental, Administradora, pós-graduada em Meio Ambiente e Liderança. * Matéria publicada na 49ª edição da Healthcare Management. Clique aqui e confira a edição completa.