Carros movidos a energia elétrica são uma realidade cada vez mais presente no trânsito de grandes cidades brasileiras. Inclusive em Ribeirão Preto eles já podem ser encontrados, tanto em concessionárias como circulando pelas ruas. No estado de São Paulo, a cidade tem uma das maiores frotas de veículos elétricos. Além disso, pontos de recarga destes veículos vão se alastrando.
Isso ocorre porque a possibilidade de se locomover utilizando energia elétrica armazenada em bateria tem chamado cada vez mais a atenção dos motoristas brasileiros, que são aficionados por veículos e por novidades na área.
Além disso, um componente que estimula a adesão aos carros movidos a eletricidade é o alto preço da gasolina. Além de econômicos, os veículos elétricos são também uma alternativa silenciosa e sustentável, já que fazem pouco barulho e ajudam na preservação do meio ambiente, diminuindo a emissão de gases poluentes.
Na Europa, a chamada “frota limpa”, composta por veículos elétricos e híbridos, é cada vez mais visível nas ruas, ultrapassando a marca de 1 milhão de unidades. Somente no primeiro semestre do ano passado, o continente atingiu a marca de 195 mil veículos desse tipo. Esse número representou um crescimento de 42% em relação ao mesmo período de 2017.
O estado da Califórnia, nos Estados Unidos, grande percursor da implantação da energia solar fotovoltaica é também reduto do desenvolvimento da eletromobilidade no país. Metade de todos os 750 mil veículos elétricos e híbridos vendidos nos Estados Unidos é comercializado no estado. O Brasil, por sua vez, caminha a passos lentos. Segundo um estudo da FGV Energia, de 2011 a 2016 foram vendidos apenas 5,9 mil carros elétricos e híbridos no país.
Já em 2018, 3.970 veículos elétricos ou híbridos foram emplacados. Aumento de 20,4% em comparação com 2017, quando foram registradas 3.296 novas unidades, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Para se ter ideia desse crescimento ao longo dos últimos dez anos, em 2009 apenas 21 carros elétricos foram emplacados no Brasil.
Renato Lopes, Consultor de vendas da Toyota, ressalta que atualmente a receptividade dos consumidores aos veículos elétricos e híbridos tem aumentado. “Os consumidores que param para fazer a conta, aqueles que rodam nas grandes cidades, chegam a fazer 25 quilômetros por litro, 1100 quilômetros com um tanque de gasolina. Ele vai ver que o investimento no veículo acaba se pagando sozinho”, diz.
Fim dos motores a combustão?
O fim dos motores a combustão é uma medida que está sendo tomada em diversos países. Em 2040, França e Reino Unido, preocupados com o aquecimento global, vão extinguir a venda de veículos com motores convencionais. Na Noruega, onde 20% dos novos carros são elétricos, a expectativa é que até 2025 não sejam mais vendidos veículos a combustão. Em Londres, até 2020, todo carro que circular pela cidade precisa ser, ao menos, híbrido. Paris, se antecipando ao resto da França, quer que até 2030 não circulem mais carros com motores convencionais.
O Brasil ainda não adotou nenhuma medida para extinguir os motores a combustão. Até porque a indústria de petróleo e de biocombustíveis (etanol e biodiesel) no país é bastante forte e importante do ponto de vista de geração de riquezas e renda. Mas o programa Rota 2030, sancionado pelo ex-presidente Michel Temer, pode estimular a popularização dos veículos elétricos, que ainda chegam a um preço muito alto ao mercado. As empresas têm mostrado interesse em investir na agenda da eletromobilidade. Entre os benefícios do programa, está a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os modelos movidos à eletricidade.
O Rota 2030 determina que “veículos híbridos equipados com motor que utilize, alternativa ou simultaneamente, gasolina e álcool devem ter uma redução de, no mínimo, três pontos percentuais na alíquota do IPI em relação aos veículos convencionais, de classe e categoria similares, equipados com esse mesmo tipo de motor.”
Após o anúncio do governo federal, a Toyota anunciou tecnologia para produção de veículos híbridos flex no Brasil. Será o 1º carro do mundo que poderá se mover com eletricidade, gasolina ou etanol. A empresa já vende o modelo Prius híbrido no Brasil.
- Matéria publicada na edição 68 da revista Quem Realiza.