Autoridade internacional no campo da engenharia biomédica, John Webster, professor emérito de Engenharia Biomédica da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos (EUA), esteve no Brasil para participar da terceira edição do Congresso de Inovação em Equipamentos e Materiais para Saúde (Cimes). O evento, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) e a Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), aconteceu nesta quarta-feira (16/04), em São Paulo.
O professor falou sobre sua experiência no desenvolvimento de projetos inovadores e a necessidade de mais programas que estimulem a inovação. Para ilustrar os desafios do setor no Brasil, ele lembrou a visita às universidades e empresas brasileiras no ano passado e criticou a falta de aproximação entre a área que desenvolve os dispositivos médicos – engenharia – e a que os utiliza – médica.
Em referência ao problema, Webster citou a prática adotada em sua experiência anterior a engenharia biomédica. “O que eu vi no Brasil foi bastante semelhante ao que eu fazia na engenharia elétrica. Eu não vejo nenhuma iniciativa para tentar identificar os problemas”, disse.
Indicando o caminho para promover a interação entre os campos, o professor afirmou que o primeiro passo para começar a desenvolver tecnologias é saber o que as pessoas precisam. Como exemplo, ele citou a prática adotada pelo Departamento de Engenharia Biomédica da universidade onde trabalha. “Todo semestre nós perguntamos para o pessoal da Escola de Medicina e Ciências Biológicas se eles tem um problema que possamos resolver”, contou.
Segundo o professor, quando se fala em pesquisa e desenvolvimento de produtos para a saúde é preciso pensar na viabilidade comercial e funcionalidade do dispositivo que precisa atender a requesitos como design e praticidade. “Você sempre precisa ter um cliente para desenvolver um projeto, nunca faça nada que você não tem certeza para o que vai servir”, recomendou.
Incentivo à pesquisa e desenvolvimento
A respeito da política de incentivo à ciência, tecnologia e inovação no Brasil, Webster questionou os poucos recursos destinados às pequenas empresas. Em oposição à prática, ele apresentou o modelo de apoio à inovação utilizado nos Estados Unidos.
O professor explicou que o país possui um instituto que fornece fundos para promover a inovação na saúde. “Todos os anos o Congresso dos Estados Unidos libera recursos para o NIH (National Institutes of Health), que destina 3% do valor para a pesquisa em pequenas empresas”, destacou.
Além dos problemas relacionados à distribuição de recursos financeiros para a inovação no Brasil, Webster enfatizou a necessidade de mudança na regulamentação do País. Ele criticou a demora nos processos regulatórios e a necessidade de autorização para que professores universitários do Estado compartilhem o conhecimento científico por meio de consultoria às empresas.“O Brasil precisa mudar as leis para encorajar as empresas pequenas”,declarou.