Iniciativa reproduz estrutura óssea a ser operada
Médicos e cirurgiões do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) contam com o apoio de novas tecnologias para auxiliar no planejamento pré-operatório. Com base em imagens coletadas em exames e com o auxílio de impressoras 3D, está sendo impresso o biomodelo: peça em material sintético, que reproduz a estrutura óssea a ser operada. O uso dessas ferramentas tem aumentado a precisão e reduzido o tempo cirúrgico de pacientes adultos e, agora, também de crianças.
Em 2016, foram realizados seis procedimentos utilizando a técnica em adultos. Este mês, o médico traumatologista Vinícius Orso estreou o uso de biomodelos no planejamento do pré-operatório em crianças. O profissional realizou uma cirurgia de 2h para reduzir uma luxação atlanto-axial – que significa um movimento maior do que o usual entre a primeira e a segunda vértebra do pescoço – em um menino de 6 anos.
Quando procurou atendimento no HUSM, o garoto estava há 20 dias com inclinação lateral e sem mexer o pescoço. “A técnica proporcionou um apoio muito bom. Sem dúvida, o biomodelo ajudou a entender a anatomia local. A peça em 3D fez com que eu tivesse ideia do tamanho real do osso”, afirma o médico que pensa em utilizar o recurso novamente.
Ainda em março, outra criança será beneficiada com a técnica. A bacia de uma menina de 7 anos foi recriada em três dimensões. Ela desenvolveu displasia de quadril e para devolver o equilíbrio ao caminhar, já foram feitas outras duas intervenções. “Com as imagens 3D coletadas na tomografia realizamos a cirurgia virtual, definindo o passo a passo da intervenção que será feita no bloco”, explica o traumatologista Cesar Acosta
Como funcionam as impressoras
Os primeiros biomodelos no HUSM foram feitos em 2016 com a ajuda de duas impressoras 3D cedidas à unidade. No início de fevereiro deste ano, chegaram duas máquinas adquiridas pela Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP).
Os equipamentos, instalados na Unidade de Diagnóstico por Imagem do hospital, têm autonomia para realizar sozinhos a impressão das peças, mas para isso exige programação prévia. A impressora tritura o filamento e o aquece a uma temperatura de 185°C. O filamento derretido é depositado em uma plataforma e, aos poucos, o biomodelo vai ganhando forma.
“As impressoras usam material biodegradável de baixo custo, o que viabiliza o procedimento pelo SUS”, explica Gustavo Dotto, idealizador do protocolo e professor do Curso de odontologia da UFSM.