Com investimento de R$ 140 milhões, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz vai abrir uma segunda unidade em São Paulo.
Para o projeto, a instituição vai usar o prédio onde funcionava o Hospital Santa Helena que pertencia à Unimed Paulistana. A cooperativa médica entrou em liquidação extrajudicial em 2015 e o imóvel ocupado na época pelo Santa Helena foi devolvido à proprietária, a Fundação Zerrenner, associação sem fins lucrativos que integra o bloco de controle da Ambev.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz e a Fundação Zerrenner, voltada para as áreas de saúde e educação, têm uma ligação há várias décadas. O fundador da instituição, Antonio Zerrenner, foi um dos maiores doadores de recursos para construção do hospital em 1897. Zerrenner foi um dos primeiros acionistas da cervejaria Antarctica, que se uniu com a Brahma em 2000, criando a gigante Ambev.
Um segundo prédio, recém-construído, no mesmo terreno, também será ocupado. A nova unidade fica a apenas um quilômetro de distância do prédio original do Hospital Alemão, localizado na avenida Paulista.
A previsão é que a nova unidade atinja um faturamento de R$ 350 milhões em 2018, o equivalente a um terço da receita total da rede hospitalar.
“Atualmente, a nossa taxa média de ocupação é de 83% e precisávamos expandir. Como esse prédio já tem a infraestrutura necessária, antecipamos em três anos o processo para viabilização de um hospital”, disse Paulo Vasconcellos Bastian, CEO do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Os R$ 140 milhões serão investidos, basicamente, em instalações e equipamentos médicos. Deste valor, cerca de 50% é proveniente de caixa próprio e a outra metade virá de financiamentos das fabricantes de equipamentos médicos e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
O Oswaldo Cruz vai na contramão do setor, que sentiu os reflexos da perda de mais de 1,5 milhão de usuários de planos de saúde no último ano e meio.
Segundo Bastian, não houve redução de pacientes neste período, uma vez que as perdas ocorreram mais na base da pirâmide e o hospital atende, principalmente, o público de maior renda. Em 2015, a receita líquida aumentou 20% para R$ 590 milhões e o superávit líquido avançou 61%, para 48,4 milhões. Esse aumento expressivo na última linha do balanço foi reflexo de uma gestão mais eficiente de custos e despesas.
Com as finanças organizadas e uma forte credibilidade na área médica, o Alemão Oswaldo Cruz é um ativos mais cobiçados pelos investidores. “Somos a noiva do setor, todos os dias investidores batem a nossa porta. No entanto, não temos interesse numa venda. Somos autossustentáveis, geramos caixa e acreditamos na gestão da administração”, afirmou Marcelo Lacerda, presidente do conselho. Neste ano, o investimento operacional previsto é de R$ 90 milhões e a receita do primeiro semestre já é 20% superior em relação ao mesmo período de 2015.
Há cerca de três anos, houve mudanças na presidência e no conselho de administração. “Antes, a gestão era feita só por homens, alemães ou descendentes de alemães e do setor industrial. Agora, temos um conselho com uma mulher, executivos e consultores de diferentes áreas e culturas.
Essa diversificação de pessoas com outro olhar já nos trouxe importantes benefícios”, disse Lacerda. O conselho tem, por exemplo, Ronaldo Lemos, consultor especializado em tecnologia.
A nova unidade do Oswaldo Cruz terá 260 leitos, sendo 38 deles de UTI, 12 salas cirúrgicas, consultórios e centro de medicina diagnóstica. A capacidade será de 1,5 mil cirurgias por mês.