Os R$ 25,8 milhões anunciados no início das obras não foram suficientes para a Prefeitura de Santos (SP) reformar o antigo Hospital dos Estivadores (Avenida Conselheiro Nébias, 401). A estimativa, que havia sido feita pela própria Administração Municipal, já sofreu um acréscimo de 78,2%, ou de R$ 20,2 milhões. Por enquanto, só a parte física do prédio, sem equipamentos, já custa R$ 46 milhões.
Além disso, estão sendo gastos R$ 6,4 milhões com um gerador de energia movido a gás natural e o sistema de climatização. E a Prefeitura diz que ainda vai precisar de mais R$ 40 milhões para equipar a unidade de saúde, que será chamada de Hospital de Clínicas e Maternidade.
A Comissão Especial de Vereadores (CEV) que trata da reforma do hospital fez a segunda audiência pública, na terça-feira, para esclarecer os motivos dos acréscimos e a possibilidade de mais atrasos na entrega do prédio, que era para estar pronto em agosto de 2015.
Embora a Prefeitura afirme que 95% da reforma está concluída, a entrega que seria neste mês foi novamente prorrogada, agora para maio, de acordo com técnicos do Município que compareceram à audiência. O pleno funcionamento, porém, só deve ocorrer um ano após a entrega. O custo mensal é avaliado em R$ 10 milhões.
O presidente da CEV, vereador Marcelo Del Bosco (PPS), afirma estar preocupado com os rumos da obra. “Desde o começo estamos lutando para que seja entregue um hospital funcionando, com mais de 200 leitos. Mas não a qualquer custo. No meu entender, passou muito o valor dessa obra e o prazo”.
A comissão cobrou da Prefeitura a apresentação de todos os documentos, contratos, aditamentos, valores e prazos.
Del Bosco lembra que durante a audiência ficou claro que a Prefeitura ainda não tem o dinheiro para equipar a unidade de saúde. “Tem 40% desse valor e o restante ainda vai tentar com os governos (Estadual e Federal). Minha preocupação é que seja um hospital com falhas e que vire um problema”.
Prefeitura
A obra está sendo custeada, até o momento, com recursos do Município (R$ 7 milhões) e do Governo Estadual (R$ 25 milhões), diz a Prefeitura, em nota. “Existem tratativas com o Governo do Estado para a liberação de recurso adicional da ordem de R$ 25 milhões”. A Administração espera o repasse de R$ 14,4 milhões do Governo Federal para a aquisição de equipamentos.
Sobre o aumento do valor da reforma, a Prefeitura explica que foram feitos aditamentos quantitativos e qualitativos de valor (R$ 3,5 milhões, R$ 8 milhões e R$ 8,7 milhões). Segundo o Governo Municipal, o acréscimo decorre das soluções técnicas aplicadas aos problemas estruturais encontrados no prédio.
“Em razão do seu longo período de inatividade e falta de manutenção, foi constatada a necessidade de reforço na parte estrutural do Bloco A e também adequações para melhor desempenho que não se mostravam visíveis no início da construção”.
Afirma, ainda, que está prevista uma ampliação para uma área total de 11.618,15 metros quadrados. “É importante ressaltar que a edificação tem 45 anos. Foram feitas pesquisas, mas não havia registro histórico detalhado de todas as intervenções realizadas no prédio, desde a sua inauguração, em 1970, que pudessem balizar os projetos com mais efetividade”.