A Apple está fazendo testes com produtos de assistência médica em hospitais dos Estados Unidos. O programa piloto faz uso do HealthKit, um serviço que monitora e armazena informações de saúde do paciente como pressão arterial, peso e batimentos cardíacos. De acordo com a agência Reuters, 14 de 23 dos principais hospitais do país já estão testando a tecnologia.
O aplicativo funciona como um centralizador de informações de saúde e performance de outros apps, como o Nike+. Além consolidar estes dados, ele agrupa exames médicos, diagnósticos, medicamentos a tomar e tudo isso pode ser compartilhado com o médico do usuário. O Google e a Samsung também possuem tecnologia semelhante, mas estão passos atrás, ainda no início das negociações com os hospitais, segundo a agência. Além disso, os serviços Google Fit e S Health (do Google e da Samsung, respectivamente) focam no monitoramento de atividades físicas e nutrição, enquanto o HealthKit da Apple, vai além, aparelhando-se para entregar estes dados nas mãos dos médicos, e já conta com mais de 600 desenvolvedores trabalhando em integrações. O Apple Watch, previsto para abril, promete adicionar ainda mais informações dos usuários e, com consentimento dos pacientes, poderá encaminhá-las automaticamente para os médicos. O negócio, no entanto, não é novo para o Google, que já experimentou com o Google Health, um serviço parecido que foi descontinuado em 2013.
Quando revelou o HealthKit em junho do ano passado, a Apple focava em firmar parcerias com hospitais e grupos de pesquisa, como fez com a Epic Systems, principal provedora de dados médicos digitais nos Estados Unidos, que já desenvolveu aplicativos que conectam pacientes a médicos. Um tiro certeiro para a Apple, já que a Epic Systems lida com os dados médicos de mais da metade da população do país.
O serviço é uma novidade aguardada por médicos. “Se tivéssemos mais informações, como pesagens diárias, poderíamos ligar para o paciente antes dele precisar ser hospitalizado”, conta Richard Milani, médico do Ochsner Medical Center, em Nova Orleães, Estados Unidos.
Apple, Google e Samsung tiram proveito do poder dos smartphones, da popularidade dos monitores de atividade física vestíveis e da inclusão de conexão à internet em aparelhos comuns, como balanças. O mercado de assistência médica vale 3 bilhões nos Estados Unidos e pesquisas da IDC Health Insights mostram que pelo menos 70% das empresas do ramo irão investir em tecnologia até 2018, seja em aplicativos, vestíveis, monitoramento remoto ou cuidado virtual.
É interessante e certamente animador poder dividir estas informações com tanta facilidade, mas riscos existem: quebra de sigilo seria intolerável e compartilhá-los com terceiros pode até mesmo inflacionar o valor dos planos de seguro.