O Brasil tem uma conta de energia cara. “Isso acontece pois pagamos não somente pelo serviço de geração de energia, mas também pela transmissão e distribuição. E usinas hidrelétricas são distantes. Produzir energia em locais afastados de onde ela é consumida não só encarece o transporte, como ainda aumenta a perda no caminho. Estudos apontam que, no Brasil, em torno de 13% da energia é perdida entre a geração e a disponibilização para o consumidor”, explica o engenheiro Marcelo Mazzetto.
Porém, outro quadro se desenha. O setor elétrico no Brasil passa por profundas transformações, com novas tecnologias surgindo, novos modelos de negócios se formando e, principalmente, a mudança de postura dos consumidores, agora “prosumidores”, frente aos fornecedores de energia. Desta forma, se antes eles ficavam totalmente dependentes da distribuidora de sua região e aos preços da energia praticados por esta, agora os prosumidores tomam para si o controle de produzir a sua própria energia elétrica.
Energia Solar Fotovoltaica
O Brasil possui uma das maiores médias de incidência de radiação solar no mundo. Com isso, a Energia Solar Fotovoltaica vem se destacando como a fonte mais procurada pelos consumidores nesta transição para um novo modelo de geração elétrica, eficiente e sustentável, abrangendo 99% das novas conexões de geração distribuída nos últimos anos, seguindo a mesma tendência de países como Estados Unidos, Alemanha e China.
Existem, no Brasil, dois principais mercados de geração de energia solar fotovoltaica:
- Geração Centralizada (GC): caracterizada por grandes centrais/usinas de produção e que vem sendo impulsionada pelos Leilões de Energia de Reserva (LER) e Leilões de Energia Nova (LEN);
- Geração Distribuída (GD): caracterizada pela geração elétrica conectada diretamente à rede de distribuição ou situada na residência ou estabelecimento do próprio consumidor.
Sistema Solar Fotovoltaico – Como Adquirir
Mazzetto explica que a primeira etapa para o consumidor que deseja instalar um Sistema Solar Fotovoltaico em sua residência ou comércio é procurar uma empresa especializada. “Esta empresa será responsável por realizar um estudo da média de consumo elétrico do cliente, o nível de radiação solar no local de instalação, as características do telhado – como inclinação e direção (como estamos no Hemisfério Sul, os módulos operam com melhor eficiência quando posicionados para o Norte) -, entre outras informações que possam impactar a geração, tal como sombreamento de áreas próximas etc.
Com essas informações, na segunda etapa, a empresa irá dimensionar e projetar o sistema alinhado com os objetivos de investimento e a economia desejada pelo cliente. A terceira etapa técnica é a instalação do sistema por parte da empresa especializada. Os equipamentos instalados são, tipicamente, os seguintes: módulos fotovoltaicos, inversor solar, estruturas de fixação, cabos, conectores, e String Box com materiais elétricos de proteção. No caso dos sistemas off-grid e híbridos, alguns equipamentos podem ser adicionados, como o inversor solar off-grid, baterias de armazenamento e controladores de carga.
Com o sistema instalado, a quarta e última etapa técnica de responsabilidade da empresa é realizar a homologação do sistema junto à distribuidora local (exceto sistemas off-grid). Nesta etapa, técnicos da distribuidora são enviados até o local de instalação para conferir se o sistema está de acordo com o projeto apresentado. “É realizada a troca do medidor de energia por um modelo bidirecional (que mede tanto a energia consumida, quanto a energia injetada na rede) e o sistema é conectado à rede”, explica Mazzetto.
Como Funciona?
Durante o dia, os módulos fotovoltaicos captam a luz do sol e geram energia. Essa energia, então, “é encaminhada para o inversor solar e é convertida para as características da nossa rede, de corrente contínua para corrente alternada”, salienta. Depois de passar pelo inversor, a energia pode ser consumida por qualquer aparelho elétrico da casa, passando pelo quadro geral e sendo enviada para todos os ambientes do imóvel.
Se nem toda a energia for consumida, o que geralmente acontece nos momentos de pico de radiação conforme o sistema foi projetado, o excedente é enviado para a rede elétrica, gerando os créditos energéticos. No caso de sistemas híbridos e off-grid, essa energia é enviada também para as baterias de armazenamento.
À noite, ou em momentos em que a produção é menor que o consumo, como o começo do dia ou final da tarde, a energia consumida continua vindo normalmente, de modo parcial ou integral, da rede. No final do mês, então, é feito o balanço dessa energia consumida e injetada. No caso de sistemas híbridos e off-grid, essa energia vem também das baterias de armazenamento, conforme programado pelo sistema.
Com o sistema de Compensação de Créditos Energéticos, se for injetada mais energia na rede do que foi consumida, o imóvel fica com créditos energéticos para serem utilizados em um período de 60 meses. “Esses créditos serão automaticamente utilizados em um mês que a geração seja inferior ao consumo, o que pode ocorrer com maior frequência no inverno, quando a produção do sistema costuma ser menor devido à redução de horas de sol pico.”
Esses créditos energéticos podem também ser utilizados para abater outra conta de energia que tenha sido registrada no mesmo CPF ou CNPJ e que esteja localizada dentro da área da mesma distribuidora. “É importante lembrar que o sistema solar fotovoltaico não precisa de um céu limpo e com muito sol para operar. Em dias nublados também há produção de energia, porém em uma intensidade menor”, diz Mazzetto.
Matéria publicada na ed. 68 da revista Quem Realiza.