A dependência tecnológica da indústria farmacêutica nacional vem crescendo nos últimos anos. O déficit comercial do setor passou de R$ 5 bilhões em 2009 para cerca de R$ 7 bilhões em 2012, segundo levantamento do BNDES. O resultado se deve ao grande volume de importação de produtos de alta tecnologia como os medicamentos biotecnológicos e fármacos, que representam 35% do saldo negativo, e muitas vezes não encontram concorrência no Brasil. Para traçar estratégias com foco na elevação da competitividade e investimentos no setor, o 8º Encontro Nacional de Fármacos e Medicamentos (ENIFarMed), que acontecerá nos dias 08 e 09 de setembro, em São Paulo, vai contar com a presença de representantes de toda cadeia produtiva e do Governo como o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.
O 8º ENIFarMed vai debater temas políticos, estruturais e regulatórios que têm impacto direto no investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e fazem com que a indústria nacional perca as maiores oportunidades de mercado. Entre os assuntos está a elevada participação dos biológicos no déficit comercial da indústria. Para debater o tema, a plenária “Trajetória da Inovação no Complexo Industrial da Saúde” apresentará um panorama da indústria farmacêutica no Brasil e vai contar com a presença do chefe do departamento de Produtos para Saúde do BNDES, Pedro Palmeira.
Ele acredita que o principal desafio do CIS será a construção de uma indústria de biotecnologia moderna e a sustentabilidade do modelo de negócios das empresas farmacêuticas brasileiras. “Os próximos anos serão decisivos para a consolidação da estratégia desenhada nos últimos anos, com o desenvolvimento e registro dos produtos e o início das atividades industriais. Nossa carteira de projetos contratados reflete bem esse desafio: nos últimos dois anos, o BNDES contratou 11 projetos relacionados à biotecnologia, totalizando R$ 1,3 bilhão, frente a R$ 150 milhões da última década”, conta Palmeira.
Segundo Roberto Nicolsky, diretor-geral do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento em Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma), entidade promotora do evento, para que o déficit do setor seja reduzido é fundamental que o Estado participe de forma efetiva na construção de políticas que beneficiem a produção local de produtos de alta tecnologia. “É preciso que haja uma intensa e persistente política de encomendas da área pública, que representa de 30 a 35% do mercado, além de fortes estímulos ao desenvolvimento tecnológico das nossas indústrias para que elas possam ter condições competitivas internacionais para exportar e compensar as importações”, explica Nicolsky.
Ambiente regulatório – Outra questão de impacto direto nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos é a regulação. Ao mesmo tempo em que garantem a segurança e eficácia dos fármacos e medicamentos, as normas que regulam o setor podem atrasar a comercialização de novos produtos, seja pelo excesso de burocracia ou pela falta de regras bem definidas e favoráveis à inovação. Para tornar o ambiente regulatório mais favorável à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos no País, o 8º ENIFarMed vai receber o especialista em regulação para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos locais, Jurij Petrin. O palestrante internacional é um dos maiores experts em assuntos regulatórios globais com conhecimento na regulamentação de 90 países em todos os continentes.
Segundo o especialista a indústria farmacêutica é uma das mais reguladas do mundo e possui regulamentos globais que são aceitos pela maioria dos países desenvolvidos, mas em muitas fases do desenvolvimento de novos produtos as exigências e regulamentos brasileiros não atendem as normas globais dos países mais desenvolvidos. “Um ambiente regulatório melhorado certamente poderia acelerar a disponibilidade de produtos inovadores produzidos por empresas nacionais e estrangeiras no Brasil”, defende Petrin.
Além disso, outros temas relacionados à inovação e ao futuro do CIS no País estarão em pauta no 8º ENIFarMed. No total, serão oito sessões temáticas que discutirão assuntos como a capacitação de recursos humanos para biotecnologia, adensamento da cadeia produtiva, inovação farmacêutica veterinária, incorporação de novas tecnologias, estudos pré-clínicos, barreiras ao acesso de novos produtos, regulamentação do acesso ao patrimônio genético, e pesquisa clínica.
O evento é uma realização do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma) em parceria com a Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec). O 8º ENIFarMed conta com o patrocínio da Biolab, Cristália e Grupo FarmaBrasil, copatrocínio da EMS, e apoio da Capes, CNPq, Ministério da Saúde, e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Serviço:
8º Encontro Nacional de Fármacos e Medicamentos (ENIFarMed)
Data: 08 e 09 de setembro de 2014
Local: Av. Rebouças, 600, Cerqueira César, São Paulo, SP
Inscrições em www.ipd-farma.org.br